O tal Estoque de Segurança
Tá ai
duas palavras que causam um stress sem tamanho nas organizações: O Estoque de
Segurança. Por um lado, temos o risco de
desabastecimento da produção (e por conseguinte o atraso nas entregas) e por
outro, o alto custo que pode ser gerado em caso de superestimarmos estes
valores.
Diversos
fatores vão influenciar no dimensionamento dos níveis mínimos de estoque de
componentes e insumos em uma organização, entre eles podemos citar:
- A sazonalidade do mercado;
- Os lotes mínimos de venda dos fornecedores;
- O Lead time dos fornecedores (em alguns casos o Lead time
de seu departamento de Compras);
- O custo inerente ao estoque dos componentes
(Investimentos, Gestão dos materiais, áreas de estoque, etc...);
- Atraso nas entregas (perda da confiança do cliente,
Cobrança de multas, cancelamento da compra, perda do cliente).
Vendo alguns dos fatores que irão
influenciar a definição do Estoque de Segurança, somos levados a entender a
importância estratégica de uma definição correta para este parâmetro. O custo
inicial da criação deste estoque pode descapitalizar a organização, talvez sejam necessários investimentos em
instalações para armazenamento, mas por outro lado, as consequências de não estarmos
devidamente preparados podem levar a resultados ainda piores... Podemos perder
nosso bem mais precioso: O Cliente. Algo
que talvez não esteja bem claro nas organizações é que os clientes contam com
nossos produtos para atender aos seus prazos, atender aos seus clientes... e
muitas vezes nós os deixamos na mão. Pensando nisso, foram desenvolvidos
diversos métodos para o calculo INICIAL de um Estoque de Segurança. Falo INICIAL, para que fique claro que este é um dado de partida para os estudos,
pois cada organização terá sua realidade que deverá ser levada em conta.
Abaixo apresento um modelo que
utilizei para definição inicial dos níveis de estoque de segurança em uma
organização.
Minha primeira dificuldade foi
encontrar os consumos mensais, pois havia grande variação sazonal dento do mix
de produtos. Para superar este entrave, recorri às técnicas estatísticas,
busquei no histórico dos três últimos anos a distribuição das vendas ao longo
dos 12 meses. Com estes dados, consegui detectar o nível de crescimento anual
nas vendas de cada produto e com isso, ESTIMAR a demanda futura (d).
Em paralelo a esta atividade,
solicitei ao setor de Compras as informações de lead time dos fornecedores e
seus lotes mínimos de venda, além disso, obtive experimentalmente o lead time
interno dos pedidos de compra (do pedido inicial à formalização de pedido com o
fornecedor) tendo então o lead time total do processo (desde a informação de
nível mínimo atingido até a entrega efetiva do produto) que será representado
por (t).
Outro dado importante, seria o
Nível de Serviço que indica o quanto
queremos estar seguros frente às variabilidades que ocorrem, em outras
palavras, frente aos desvios padrões da demanda e do lead time, á ser adotado
para cada item. Além disso, convém pensarmos nos seguintes pontos quando
definimos este passo: Existe produto similar no mercado que possamos, mesmo com
algum incremento de custo, comprar de forma emergencial? O componente pode ser
montado fora do fluxo de processo? Se sim, qual o custo disso? Com base nestas
respostas definimos o Nível de Serviço (Z) variando de 0% a 100%.
Com base no histórico de cada
fornecedor podemos verificar as ocorrências de atraso nas entregas e
identificar destas, o percentual de tempo de atraso que chamarei de Desvio padrão
do lead time (st).
De posse de análises de mercado, podemos também inferir um percentual
de variabilidade da demanda esperada para o período. Chamaremos este dado de
Desvio padrão de demanda (sd)
Com base nestes
dados, apliquei a seguinte formula para obter os estoques de segurança:
Desta forma, definimos a quantidade que teremos para estoque de
segurança para cada insumo desejado. Para apresentação à direção, transformei
este valores em dias de cobertura para uma melhor visualização ( ex: 10000 peças = 2 dias de produção). Abaixo imagens
da tabela que criei para o calculo de posterior apresentação (se quiserem uma
cópia entre em contato).
Esta sistemática pode ser utilizada para o calculo de Estoques de
Segurança não só para componentes de produto, podemos estender para controle
dos estoques de produto acabado, ou, qualquer estoque que se queira controlar.
IMPORTANTE:
Como vocês devem ter percebido, durante as análises foram utilizados
diversas vezes dados de estimativas, não levando em conta a variável financeira
da aquisição do estoque e nem eventuais prazos de validade dos produtos, desta
forma, não trata- se de uma solução final para definição do Estoque de
segurança, mas sim de uma base para iniciar as discussões e a implementação da
sistemática. Como tinha falado anteriormente, tudo depende da realidade da sua
empresa.
Por hoje é
só...
Até a próxima.
Att.:
Moisés Graboski
Nenhum comentário:
Postar um comentário